Investing.com - A pressão para que o Copom inicie na reunião da próxima semana o ciclo de redução da Selic se intensificou com a aprovação da PEC de teto de gastos em primeiro turno na Câmara e a redução dos preços da gasolina e diesel, anunciada nesta sexta-feira. A reunião de dois dias do colegiado começa na terça-feira e o anúncio da decisão será divulgado no dia seguinte, logo após o fechamento do mercado.
Em seu último encontro, no fim de agosto, o Copom decidiu manter as taxas de juros – que seguem inalteradas em 14,25% ao ano desde julho de 2015 – e informou, na ata da reunião, que aguardava que a inflação de curto prazo cedesse e que o governo conseguisse encaminhar o ajuste fiscal para pensar em corte de juros.
Desde então, o BC publicou a revisão do seu relatório trimestral de inflação que passou a projetar inflação abaixo da meta em 2017, o que empurrou as apostas sobre um corte na taxa já a partir de outubro. Com a forte retração do IPCA de setembro e a aprovação da PEC com larga margem na Câmara dos Deputados, a cereja do bolo para embalar as apostas em um corte mais agressivo da Selic ficou para o anúncio de redução dos preços da gasolina e diesel em 2,7% e 3,2%, nesta ordem.
O mercado, que apostava em uma redução de 0,25 p.p. na Selic, que cairia a 14%, passou a migrar suas apostas para um corte de 0,5 p.p. já na próxima semana. O Copom volta a se reunir nos dias 29 e 30 de novembro.
Apesar das pressões do governo e das apostas do mercado, não é unanimidade sobre o corte de juros na próxima reunião, apesar dos indicativos de que há condições para que o início do ciclo de redução se inicie. O órgão, comandado por Ilan Goldfajn, poderá optar por segurar o corte para o mínimo de 0,25 p.p ou, até mesmo, manter a taxa de juros e passar um recado claro ao mercado – e ao governo – de que espera medidas mais concretas na área fiscal.
A PEC dos gastos públicos ainda terá um longo caminho a percorrer no Congresso, com a votação em segundo na Câmara e duas votações no plenário do Senado. Mesmo com a demonstração de força do governo e o anúncio de Renan Calheiros de que o tema passará pelo Senado ainda este ano, a política de Brasília é conhecida por criar dificuldades em temas de consenso e por apresentar emendas que desconfiguram o projeto inicial. A reforma da Previdência, então, ainda não foi nem apresentada, apesar de se ter informações de que está avançando nas discussões internas.
A resposta sobre a confiança que essa nova diretoria do Banco Central tem nos políticos do Congresso e do Planalto será dada na quarta-feira à noite.
Fed. Segue a novela da alta de juros do Fed, que parece que só terá fim na reunião de dezembro. Até lá, os diretores seguirão alinhando seus discursos na direção de uma alta, mas sem descartar um aumento em novembro, apesar do forte descrédito do mercado que aposta em somente 9% de chance de uma elevação logo antes das eleições norte-americanas.
Bovespa
Ibovespa. A bolsa brasileira seguiu avançando após alta de 4,7% na semana passada. Nesta sexta-feira, empolgados por dados de inflação da China e com a nova política de preços da Petrobras (SA:PETR4), os investidores levaram o índice a testar os 62 mil pontos pela primeira vez em dois anos. Sem força para romper o patamar, o Ibovespa fechou o dia a 61.767 pontos, alta de 1,1% na semana.
Petrobras. O principal destaque da semana foi a Petrobras que avançou 6%, impulsionada pela percepção de que a companhia conseguiu a independência do governo para definir os preços internos dos combustíveis. A empresa passará a ter um comitê que se reunirá mensalmente para avaliar a cotação de diesel e gasolina e reajustar os preços de acordo com o câmbio e a cotação externa. Segundo comunicado, a empresa não venderá combustível abaixo da paridade com o mercado internacional. O anúncio também abre um caminho para viabilizar a procura de sócios para comprar participações em refinarias, já que o parceiro conhecerá qual a política de precificação dos seus produtos. Em seu programa de desinvestimento, a BR foi oferecida para 90 potenciais compradores, entre eles as Lojas Americanas, que divulgaram interesse na aquisição.
Vale (SA:VALE5). Após alcançar a máxima de 16 meses no início da semana, a ação da Vale despencou com as perspectivas ruins da economia chinesa, cujas exportações despencaram 10% e as importações caíram 1,9%. Com a divulgação do avanço na inflação da China nesta sexta-feira, o papel voltou a ganhar força e fechou a semana com ganhos de 3%.
Eletrobras (SA:ELET3). A estatal voltou a ter suas ações negociadas na bolsa de Nova York após entregar para as autoridades norte-americanas os formulários de 2014 e 2015. A companhia reconheceu perdas de R$ 300 milhões com pagamento de propina.
Embraer (SA:EMBR3). A construtora entregou 54 aeronaves no terceiro trimestre, contra 51 unidades em igual período do ano passado. A carteira de pedidos, contudo, recuou. A empresa anunciou que busca acordo com autoridades dos EUA e do Brasil para encerrar investigações sobre pagamento de propina no exterior.
Cielo (SA:CIEL3). A operadora de cartões nomeou Eduardo Campozana Gouveia para assumir a presidência da empresa, após a renúncia de Rômulo Mello Dias, que será diretor executivo do Bradesco (SA:BBDC4).
Braskem (SA:BRKM5). A empresa disparou 10% nesta semana com o início de cobertura do HSBC, que recomendou compra.
Telefônica (SA:VIVT4). Após a inesperada renúncia do ex-CEO, a empresa iniciou a transição para o comando de Eduardo Navarro.
GPA. O Grupo Pão de Açúcar (SA:PCAR4) teve alta de 4,4% na receita, segundo dados operacionais considerados fracos pelo mercado.
Rumo. O BNDES enquadrou pedido de empréstimo de R$ 3,5 bilhões da empresa para melhorias em sua malha ferroviária.
Commodities
Petróleo. A commodity avançou para sua quarta semana consecutiva de alta, fechando acima de US$ 50 nos EUA e US$ 52 no Brent, em Londres, em meio a sequência sobre a especulação sobre o corte de produção da Opep, que poderá ter adesão da Rússia. Os fundamentos, contudo, não favoreceram a cotação nesta semana com alta nos estoques dos EUA e na contagem de sondas em operação, além da produção recorde do cartel em setembro.
Aço. A Worldsteel aposta em aumento da demanda com o fim da crise no setor.
Açúcar. A Unica disse não haver base a investigação chinesa que poderá dificultar a entrada do açúcar brasileiro no país. Na segunda semana de setembro, a moagem de cana de açúcar avançou no centro-sul.
Indicadores
Inflação. O IGP-M recuou para -0,01% na primeira prévia de outubro, enquanto o IPC-Fipe ficou negativo em 0,07%. Já o IPC-S avançou para 0,19%.