Ingressamos na última semana de agosto e a impressão é que nada deve mudar em relação à anterior.
Continuaremos monitorando de perto as “escaramuças” do presidente Bolsonaro, visando “esticar a corda” até o máximo, talvez pensando numa intervenção militar, algo, ao nosso ver, improvável. Membros das Forças Armadas já deixaram isso claro: não parecem dispostos a ingressar numa “aventura política”. Sexta-feira, Bolsonaro enviou o pedido de impeachment apenas de Alexandre de Moraes, deixando de fora Luiz Roberto Barroso. Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, no entanto, já deixou bem claro que não deverá levar adiante este pedido.
Na agenda desta semana continuamos encalacrados em três temas (já atrasados): a Reforma Tributária, “meio de lado” neste momento, abrindo espaço para a Administrativa, devendo ingressar em debate em Comissão nesta semana; o PEC do Precatório, com o parcelamento visto como única alternativa para não inviabilizar o setor público neste ano, e novos debates sobre o Orçamento 2022, de novidade, o veto do presidente ao fundo eleitoral de R$ 5,8 bilhões. Isso, no entanto, me parece mais encenação, já que este fundo deve recuar a R$ 4 bilhões, bem mais do que os R$ 2 bilhões anteriores.
Sobre esta LDO 2022, a meta de déficit primário é de R$ 170,47 bilhões para o orçamento fiscal e a previdência, e de R$ 4,42 bilhões para as estatais. As premissas para estes dados são o PIB crescendo 2,5%, o IPCA a 3,5%, a Selic a 4,74% e o dólar a R$ 5,15. Esta peça fiscal, por muitos considerada uma “peça de ficção”, define as metas fiscais para cada ano. Importante que o governo esteja contando muito com um ganho fiscal considerável para poder pensar em atravessar este ano e o próximo. Isso, aliás, será essencial para sustentar o Auxílio Brasil, em gestação, a substituir o Bolsa Família.
No Afeganistão
Boris Johnson, primeiro ministro inglês, convocou uma reunião com os líderes do G-7, a acontecer na terça-feira, dia 24, pouco mais de uma semana depois da invasão de Kabul pelos Talibãs. Objetivo é tentar sair do atoleiro humanitário que se transformou este debate, com milhões de afegãos fugindo do país.
Pandemia
Sobre a pandemia, no Brasil continuamos vacinando mas ainda falta. Já são 122,12 milhões com a primeira dose (57,6% do total) e 54,8 milhões com a segunda mais única (25,9%). O debate do momento versa sobre o grau de estragos que a variante Delta ainda pode gerar. Uma terceira dose, para reforço mais aos idosos, já é largamente debatida. O problema é que ainda há muitos que ainda nem receberam a primeira dose! No Reino Unido, pessoas já vacinadas estão padecendo quando contaminadas pelo Delta. Sinal de preocupação.
Em Jackson Hole
Tem início nesta semana o simpósio de Jackson Hole, reunindo vários presidentes e diretores de bancos centrais. O tão aguardado discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, será na sexta-feira as 11h00, com o tema “perspectivas Econômicas”. Continuamos a achar que a redução nas compras líquidas de títulos pelo Fed, tapering, acontece no segundo semestre, não sabendo quando. Isso pode ocorrer ou na reunião do FOMC de setembro ou na de novembro.
No Brasil, o real segue afetado por esta central de boatos do Fed, já que o início do aperto monetário por lá deve gerar um refluxo de recursos para o Brasil, buscando a “arbitragem do juro”. Isso também porque a nossa moeda segue volátil, também de olho na instabilidade doméstica, com o risco fiscal na mesa, além do político e do institucional. Por outro lado, a atividade econômica segue retomando, beneficiando a arrecadação e também algum impacto fiscal mitigado.
No gráfico, observamos como os países responderam à pandemia. No caso do Brasil, há de observar a forte volatilidade no câmbio e juro.
Mercados
Mercados globais indicando alta nesta segunda-feira. Na Ásia, todos fecharam no azul.
No Brasil, no dia 20 o Ibovespa operou avançando 0,76%, a 118.053 pontos. Mesmo assim, na semana acumula perdas de 2,5%. No mercado cambial, o dólar fechou em queda contra o real, recuando 0,49%, a R$ 5,396.
Nesta segunda-feira, dia 23, as bolsas internacionais operavam em alta, refletindo um otimismo maior com a retomada da economia, embora a Delta siga no radar.
Nesta madrugada, na Ásia (5h05), os mercados fecharam em alta. Nikkei avançou 1,78%, a 227.494 pontos; Kospi, na Coreia do Sul, +0,97%, a 3.090 pontos; Shanghai, +1,45%, a 3.477 pontos, e Hang Seng, 1,07%, a 25,115 pontos.
Na Europa (04h05) em todos os mercados os movimentos eram de alta. Dax avançando 0,65%, a 15.911 pontos; FTSE 100, avançando 0,67%, a 7.135 pontos; CAC 40, +0,95%, a 6.688 pontos; e EuroStoxx +0,75%, a 4.178 pontos.
Nos EUA, as bolsas de NY operavam em suave alta no futuro dia 23. O Dow Jones avançando 0,22%, a 35.135 pontos, o S&P 500, +0,20%, a 4.446 pontos, e o Nasdaq, 0,26%, a 15.131 pontos. No mercado de treasuries, os US 2Y avançavam 3,71%, a 0,2323, os US 10Y +0,93%, a 1,272 e os US 30Y, +0,53%, a 1,883. No DXY, o dólar recuava 0,23%, a 93,278.
Na agenda da semana muitos indicadores. Destaque no Brasil para as contas externas, dados de crédito e de emprego do Caged. Teremos também a prévia da inflação oficial, o IPCA-15 de agosto e a bandeira tarifária de energia de setembro. Estejamos atentos, no entanto, aos debates em torno da PEC do Precatório, a reforma do IR e o Orçamento. No exterior, destaque absoluto para o simpósio de Jackson Hole, quando saberemos o timing para o início do tapering. Será uma semana cheia também de indicadores dos gerentes de compra, com os PMIs de vários países e nos EUA, o PIB do segundo trimestre, as encomendas de bens duráveis e a inflação oficial pelo PCE.