Os mercados tentam se movimentar nesta quarta-feira (31), com as divulgações da véspera antes dos super eventos do dia. Mas a reação negativa da Microsoft (NASDAQ:MSFT) e Alphabet (NASDAQ:GOOGL) ontem à noite em Nova York escondem os números robustos das big techs e o fortalecimento dos negócios em nuvem.
Da mesma forma, os dados de atividade na China em linha com o esperado ofuscam o encolhimento da indústria pelo quarto mês seguido. Trata-se de um sinal de que os investidores vão precisar estar atentos aos detalhes hoje, sem se deixar levar apenas pela aparência.
Isso porque a primeira Super Quarta de 2024 não deve trazer novidades na decisão de juros em si, apenas repetindo o ocorrido no último grande encontro de 2023. Nos Estados Unidos, a taxa de juros deve permanecer no maior nível desde 2021 pela quarta reunião seguida, enquanto a Selic deve cair em meio ponto porcentual (pp) pela quinta vez consecutiva.
É no que será dito pelo presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, em entrevista coletiva a partir das 16h30, e no comunicado que acompanhará o anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim do dia, que virão os alertas de ambos os bancos centrais. E o recado deve ser claro: cortes nos juros virão.
Porém, não tão cedo, no caso do Fed. Nem tão rápido, no caso do Copom. Quando? É a grande pergunta a ser respondida por Powell: em março, maio ou só depois. No caso do Brasil, em quanto? É o que o Banco Central deve dizer se quiser aliviar a pressão por uma queda mais profunda dos juros básicos para perto de 8%.
Mercado entre o bem e o mal
Talvez as respostas estejam nas entrelinhas. Não basta apenas procurar por pistas com lupa. É preciso também estar atento ao tom do discurso, de modo a evitar reações exageradas nos ativos de risco e interpretações enviesadas da mensagem. Todos esses pequenos detalhes podem trazer consequências significativas, para o bem ou para o mal.
Aliás, na crença popular, existem episódios que ilustram que “o diabo está nos detalhes”, bem como o contrário, “Deus está nos detalhes”. A diferença entre um dito e outro está na dúvida e na certeza. É o enigma que os mercados tentam decifrar neste último dia de janeiro, sendo que o significado pode definir o rumo dos negócios nos próximos meses.
Como já dito aqui, estão em xeque duas místicas do mercado. A primeira diz que os mercados globais se valorizam no primeiro mês de cada ano. A segunda dá conta de que o desempenho das bolsas em janeiro serve de parâmetro para as ações no período à frente, ditando uma tendência.
Por ora, o saldo do Ibovespa no ano está negativo em 5%. Em Wall Street, o Dow Jones e o S&P 500 têm ganhos moderados. Nesta manhã, os futuros dos índices mais ligados à tecnologia caem firme, assim como o petróleo e o minério de ferro. A ver, então, se janeiro vai abrir caminho para um novo outubro nos mercados a partir de fevereiro.