Foram poucas as surpresas nas decisões de juros ontem do FOMC e do COPOM, ainda aquelas que surgiram certamente definirão o rumo dos mercados nos próximos meses, dadas suas significâncias.
Localmente, o COPOM foi hawkish (tendente a alta de juros) e dobrou a aposta hawkish ao finalmente retirar o ajuste parcial da equação e inserir tanto um novo aumento de 75 bp contratados, como abriu a possibilidade de que tal aumento seja ainda maior, ao citar uma “redução mais tempestiva dos estímulos monetários”, já interpretado como 100 bp por parte do mercado.
A preocupação tardia do COPOM com a inflação traz um aspecto importante neste momento intempestivo para a economia brasileira, pois se exagerar na dose, não somente o comitê estará contratando novos aumentos de juros, como também um possível “voo de galinha” do PIB, exatamente no momento em que a atividade econômica pode acelerar com a vacinação.
E eis que tais aumentos de juros têm efeito significativo no câmbio, o que certamente ajuda na inflação, dadas as características da economia brasileira, porém o evento clássico esperado na política monetária, de redução do ímpeto da demanda agregada é literalmente o efeito primário deste aperto monetário.
Com isso, o trabalho do COPOM não está fácil e nem teria como ser diferente, afinal, carrega-se uma inércia da inflação do ano passado, dada a instabilidade cambial, que se combinou com a pressão global por preços de commodities, quebra na cadeia de suprimentos e derrame de dólares estimulativos na economia.
Neste ponto, as projeções do FOMC ontem parecem finalmente terem em partes ‘caído na realidade’ do fator inflação que se mostra muito mais perene do que temporário e deflagra a preocupação de um número substancial de membros do Fed, como não poderia ser diferente.
O discurso de Powell alterou “parte” da perspectiva de temporariedade dos eventos e cita a velocidade de recuperação da economia americana como fator de decisão para o início da retirada de estímulos, o que ocorreria dentro do espectro de tempo anteriormente projetado, ou seja, final de 2023.
Ainda assim, o discurso foi repleto de meias ideias, como a inflação “pode acelerar e se tornar mais persistente” e da queda do preço da madeira como fator de inflação transitória. Foi Hawkish, pero no mucho.
ABERTURA DE MERCADOS
A abertura na Europa é negativa e os futuros NY abrem em baixa, após as decisões de juros nos EUA.
Em Ásia-Pacífico, mercados negativos na maioria, com o Fed sinalizando o possível aumento de juros em 2023.
O dólar opera em alta contra a maioria das divisas centrais, enquanto os Treasuries operam negativos em todos os vencimentos.
Entre as commodities metálicas, quedas, destaque ao ouro e prata.
O petróleo abre em queda em Londres e Nova York, pressionados por um dólar mais forte.
O índice VIX de volatilidade abre em alta de 0,83%.
CÂMBIO
Dólar à vista : R$ 5,0559 / 0,19 %
Euro / Dólar : US$ 1,19 / -0,434%
Dólar / Iene : ¥ 110,75 / -0,018%
Libra / Dólar : US$ 1,39 / -0,093%
Dólar Futuro (1 m) : 5072,44 / 0,42 %
JUROS FUTUROS (DI)
DI - Julho 22: 6,42 % aa (1,82%)
DI - Janeiro 23: 7,01 % aa (0,29%)
DI - Janeiro 25: 7,99 % aa (0,25%)
DI - Janeiro 27: 8,43 % aa (0,36%)
BOLSAS DE VALORES
FECHAMENTO
Ibovespa: -0,6392% / 129.260 pontos
Dow Jones: -0,7745% / 34.034 pontos
Nasdaq: -0,2358% / 14.040 pontos
Nikkei: -0,93% / 29.018 pontos
Hang Seng: 0,43% / 28.559 pontos
ASX 200: -0,37% / 7.359 pontos
ABERTURA
DAX: -0,082% / 15697,65 pontos
CAC 40: -0,040% / 6649,98 pontos
FTSE 100: -0,510% / 7148,30 pontos
Ibovespa Futuros: -0,79% / 129954,00 pontos
S&P 500 Futuros: -0,553% / 4223,10 pontos
Nasdaq 100 Futuros: -0,481% / 13913,50 pontos
COMMODITIES
Índice Bloomberg: -1,37% / 92,13 ptos
Petróleo WTI: 0,12% / $72,16
Petróleo Brent: 0,03% / $74,32
Ouro: -0,25% / $1.801,39
Minério de Ferro: -0,67% / $213,53
Soja: -0,95% / $1.438,50
Milho: -2,27% / $658,50
Café: -1,11% / $151,05
Açúcar: -1,17% / $16,76