Investing.com - O Ibovespa deu mais um passo em sua trajetória de alta e fechou na máxima de dois meses com notícias de estímulo vindas da China e a redução do risco eleitoral. No radar dos investidores está a temporada de balanços com a chegada de pesos-pesados como a Vale a partir desta quarta-feira.
O índice avançou 1,49% e fechou acima dos 79 mil pontos pela primeira vez desde maio, consolidando mais um dia de retomada. Desde o fundo de 69.814 pontos do fechamento de 18 de junho, foram 18 pregões de altas e apenas 7 de queda, em um rali de 13,4%.
No cenário interno, os desdobramentos da corrida eleitoral nos últimos dias foram considerados favoráveis pelo mercado. Geraldo Alckmin (PSDB) deverá consolidar o Centrão em torno da sua campanha e empurrou Ciro Gomes (PDT) mais à esquerda, reduzindo, assim, suas chances de vitória. Esse avanço do tucano, contudo, ainda precisa ser refletido em intenções de votos para que os partidos do Centrão efetivamente atuem em sua campanha.
Mais à direita, o líder das pesquisas Jair Bolsonaro (PSL) segue isolado e sem conseguir fechar alianças, o que poderá ser prejudicial à sua campanha quando começar o horário eleitoral no rádio e televisão. Para se eleger, Bolsonaro precisa se tornar mais conhecido e angariar votos. A falta de tempo de propaganda gratuita e de palanques regionais poderá dificultar esse acesso a uma parte da população e limitar seu crescimento. O pré-candidato poderá também ser alvo de ataques dos demais candidatos e ter pouca exposição para se defender, em uma situação semelhante àquela ocorrida com Marina Silva em 2014.
Pela esquerda e centro-esquerda, a ausência de um candidato do PT ainda traz incerteza sobre o destino de milhões de votos daqueles que apoiariam Lula. Caso a esquerda siga fragmentada, poderá não ir ao segundo turno pela primeira vez desde o fim da ditadura militar.
Em alerta constante, os investidores vão observar de perto qualquer notícia sobre alianças, indicações a vice e desistência de candidatos e a corrida eleitoral deve seguir como um dos principais drivers do ano para o Ibovespa.
China ajuda emergentes
A notícia de que a China adotará medidas para estimular a economia como uma forma de aliviar o impacto da guerra comercial com os EUA acabou elevando o humor dos investidores com os emergentes. O índice MSCI de mercados emergentes EEM subiu 1,44%.
Wall Street fechou majoritariamente no positivo com ganhos de 0,79% no Dow 30 e de 0,48% no S&P 500. O Nasdaq recuou 0,01% em meio a balanços negativos.
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Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta quarta-feira:
1. Vale inaugura balanços de pesos-pesados da bolsa
O principal destaque corporativo do mercado brasileiro desta quarta-feira deverá ser o balanço da Vale, que será publicado após o fechamento do pregão.
O mercado está bastante otimista com o resultado da mineradora, que foi destaque no pregão de hoje com o anúncio de que recuperou o grau de investimento após a elevação da nota pela Moody’s. Com grande participação no Ibovespa, a empresa (SA:VALE3) respondeu pela maior contribuição positiva ao avançar 3,45%.
Analistas acreditam que o forte resultado operacional somado à boa gestão deverão se refletir em uma geração de caixa robusta mesmo em um cenário internacional incerto do impacto da guerra comercial no crescimento global, especialmente da China.
A aposta é que as vendas recordes de minério de ferro, prêmio pela qualidade da commodity e os baixos custos com a produção no S11D deverão levar a receita para os R$ 32,92 bilhões (US$ 8,6 bilhões) e Ebitda para a casa dos US$ 3,9 bilhões, base de cálculo para distribuição de dividendos. O lucro por ação deverá ficar nos R$ 1,14.
Para as ADRs negociadas nos EUA, a mediana dos preços-alvos aponta para US$ 15,00, com 15 analistas recomendando compra, 6 manutenção e apenas 2 sugerem venda. O papel fechou hoje a US$ 13,77 (+4,6%).
Além da Vale, saem amanhã os números do Santander (SA:SANB11) com expectativa do mercado de um lucro menor na casa dos R$ 0,73 por ação. O banco espanhol será o primeiro dos grandes do setor financeiro a apresentar seus números.
O mercado também aguarda os balanços do Carrefour (SA:CRFB3) (Consenso: LPA de R$ 0,19 / Receita R$ 13,13 bilhões), Hering (SA:HGTX3) (LPA R$ 0,39 / Receita R$ 402 milhões), Energias do Brasil (LPA R$ 0,31 / Receita R$ 3,17 bilhões), Fibria (SA:FIBR3) (LPA R$ 0,45 / Receita R$ 4,5 bilhões) e Telefônica Brasil (SA:VIVT4) (LPA R$ 0,84 / Receita R$ 11,2 bilhões).
Ainda no mercado doméstico, serão publicados amanhã o IPC-Fipe, dados do comércio apurados pela FGV, transações correntes, investimento estrangeiro direto e fluxo cambial estrangeiro.
2. Petróleo se aproxima dos US$ 70
O mercado acompanhará o movimento dos futuros do petróleo, que voltam a se aproximar da casa dos US$ 70 por barril. A commodity, que alcançou os US$ 75/b no começo do mês e realizou até os US$ 67/b na semana passada, mostrou força com o receio de pouca capacidade ociosa global levar a um ambiente de déficit na oferta.
Os investidores empurraram o petróleo novamente ao positivo nesta terça-feira, enquanto aguardam os dados semanais de estoques nos EUA. A agência de energia do país publica os números amanhã às 11h30 e o consenso de mercado aponta para queda de 2,33 milhões de barris, o que levaria o volume para perto da mínima de três anos.
A menor reserva comercial nos EUA e no exterior alimentam as apostas de que a oferta poderá ficar abaixo da demanda global. Analistas apontam que, neste cenário, mesmo pequenas interrupções na produção de um país podem resultar em volatilidade "perigosa" no preço.
A capacidade ociosa global é "muito apertada, se não completamente ausente", disse Bob McNally, presidente do Rapidan Energy Group, a um painel do Senado dos EUA na terça-feira. Isso cria o potencial de movimentação brusca com paradas no Irã, da Venezuela e da Líbia.
A redução da exportação iraniana – em meio a sanções dos EUA que entrarão em vigor em novembro – é vista por muitos como o maior risco para o fornecimento global. Analistas estimam que até 1 milhão de barris diários de petróleo iraniano podem ser eliminados do mercado.
Nos últimos dias, o presidente Donald Trump e seu homólogo iraniano, Hassan Rouhani, trocaram ameaças e elevaram o tom de uma possível ação bélica entre os países.
3. Vendas de novas casas nos EUA e sentimento Ifo na Alemanha
O mercado imobiliário norte-americano atrai grande atenção do investidor por ser um bom indicador da economia do país e um dos primeiros a mostrar sinais de esgotamento do ciclo econômico.
Às 10h, serão publicadas as vendas de novas casas e o mercado projeta uma queda de 2,8% no dado mensal, para 670 mil unidades negociadas.
Hoje, o índice de preços ficou de maio avançou apenas 0,2% contrariando as previsões do mercado de elevação de 0,4%.
A economista-chefe da Grant Thornton, Diane Swonk, alertou que o mercado imobiliário poderá dar o primeiro sinal de fraqueza da economia dos EUA.
Na Alemanha, será publicado o importante índice Ifo de sentimento do mercado, uma pesquisa que abrange cerca de 9.000 empresas da maior economia europeia. Analistas projetam uma queda para 101,6 pontos, dos 101,8 pontos do mês passado.
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