Por Noreen Burke e Jessica Bahia Melo
Investing.com – Decisões de política monetária devem movimentar a semana nos EUA, Europa e Japão. No Brasil, a definição do Copom ocorreu na semana passada, mas a ata será divulgada nesta terça-feira (14). O Federal Reserve, o Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu são apenas alguns dos bancos centrais do mundo que se preparam para as suas últimas reuniões do ano na semana que vem, em meio a um contexto de inflação crescente e preocupações com a ômicron. As ações dos EUA voltaram a alcançar valores recordes, mas ainda existe a possibilidade de novas volatilidades após as vendas da semana passada. Enquanto isso, os dados econômicos americanos, incluindo relatórios sobre os preços ao produtor e as vendas no varejo, estarão no centro das atenções, à medida que o Fed fica mais próximo de uma elevação nas taxas de juros. No cenário doméstico, foco em dados econômicos como o crescimento do setor de serviços de outubro e IBC-BR.
Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana.
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1. Fed discute aceleração do tapering
O Fed realizará a sua última reunião do ano na terça e quarta-feira, com a expectativa de que o presidente Jerome Powell e seus colegas discutam a aceleração do encerramento do programa de compra de ativos do banco central, criado durante a pandemia, no montante de US$ 120 bilhões por mês.
Em novembro, o Fed começou a reduzir seu programa de estímulo monetário em um ritmo que acabaria por encerrá-lo em meados de 2022. Os analistas acreditam que se a Fed acelerar o tapering, o processo poderá terminar em março, abrindo caminho para os dois aumentos esperados dos juros em 2022.
Os investidores também estarão atentos a sinais de que o Fed esteja mais preocupado com a inflação, que Powell já disse que não pode mais ser descrita como "transitória". Os dados de sexta-feira mostraram que os preços ao consumidor subiram no ritmo mais rápido em quase quatro décadas no mês passado, sublinhando as expectativas para taxas mais elevadas.
2. Decisões do BoE e do BCE
O BoE e o BCE anunciarão as suas últimas decisões de política monetária do ano num intervalo de 45 minutos um do outro na quinta-feira, ambos com o potencial de movimentar o mercado.
As incertezas quanto à variante ômicron da Covid-19 fazem com que o mercado espere que o BoE segure qualquer aumento nas taxas de juros até fevereiro.
Os dados do emprego e da inflação proporcionarão aos legisladores do Reino Unido uma perspectiva final sobre a força da economia antes da reunião de quinta-feira, com previsões de que a inflação atinja o seu maior nível em uma década.
Espera-se que o BCE anuncie que o seu programa PEPP de estímulo da pandemia, no valor de € 185 trilhões, termine em março, embora a quarta onda da pandemia e a nova variante ômicron tenham obscurecido as perspectivas para a economia da zona euro.
3. Dados econômicos dos EUA e volatilidade no mercado
Os Estados Unidos devem divulgar dados sobre a inflação de preços ao produtor na terça-feira, informação que será o destaque do calendário econômico.
A inflação alta é causada principalmente por gargalos na cadeia de fornecimento, e já que essas questões dão poucos sinais de melhora ao mesmo tempo em que as empresas sobem salários para competir pelos poucos trabalhadores, a inflação elevada pode persistir ao longo de 2022.
Os dados de sexta-feira do Departamento de Trabalho mostraram que os preços ao consumidor aumentaram 6,8% no ano a ano em novembro, a leitura mais alta em mais de 39 anos.
Enquanto isso, os números das vendas do varejo devem ser divulgados na quarta-feira, seguidos dos dados relativos à produção industrial e os pedidos iniciais de auxílio-desemprego na quinta-feira.
As ações dos EUA voltaram a alcançar máximas históricas, após um selloff desencadeado por preocupações com a variante ômicron e a perspectiva de um tapering mais rápido.
Mas os mercados poderiam sofrer novas perturbações em função de sinais de que o Fed esteja mais preocupado com a inflação. Indícios de uma trajetória mais agressiva no aumento dos juros nas projeções do "dot plot" das taxas também pode provocar novas volatilidades.
Os investidores também estão ansiosos para ouvir a opinião do Fed sobre o potencial impacto da variante ômicron sobre o crescimento econômico e a inflação.
Mona Mahajan, estrategista sênior de investimento da Edward Jones, disse à Reuters que a reunião do Fed poderia trazer mais clareza aos investidores depois de um aumento da volatilidade nas últimas semanas.
"Parece que o mercado já subiu dois muros de preocupações: A ômicron e o rumo do Fed", disse ela. "Acho que nas próximas semanas, vamos conseguir um pouco mais de certeza em ambas as frentes".
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4. Dados Econômicos no Brasil
A semana inicia com a divulgação do Boletim Focus, com a expectativa do mercado para os principais indicadores econômicos brasileiros. Na última divulgação, em 6 de dezembro, os economistas consultados pelo Banco Central elevaram as estimativas para o IPCA neste ano de 10,15% para 10,18%. A previsão do PIB caiu de 4,78% para 4,71%. Já a projeção da taxa Selic se manteve em 9,25% no fim deste ano, o que de fato se concretizou.
Após uma semana marcada pela decisão da taxa de juros Selic, a ata do Copom será divulgada na terça-feira (12) às 8h. No mesmo dia, às 9h, saem os resultados do setor de serviços em outubro, que apresentou retração mental de 0,6% em setembro e aumento de 11,4% na análise anual. A estimativa do mercado para outubro é um crescimento mensal de 0,1% e anual de 9,5%.
Na quarta (13), às 9h, o Banco Central divulga o IBC-BR, o índice de atividade econômica que é conhecido como prévia do PIB. O indicador de setembro apresentou queda de 0,27%. Às 14h30, serão divulgados resultados do fluxo cambial estrangeiro.
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5. Banco do Japão
O BoJ deverá concluir a sua reunião de política monetária na sexta-feira e deve manter uma política monetária extremamente flexível, embora haja discussões a respeito da prorrogação do seu programa de auxílio de emergência para a pandemia, com encerramento previsto para março de 2022.
O banco central da Turquia se reúne na quinta-feira para decidir se reduzirá os juros, como exigido pelo Presidente Recep Tayyip Erdogan, face a uma inflação mais elevada (atualmente atingindo mais de 21%) e a uma lira mais fraca.
Os bancos centrais da Suíça, Rússia e Hungria também se reúnem durante a semana, em meio a expectativas de elevação das taxas de juros por parte dos dois últimos.
-- a Reuters contribuiu para este artigo