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Reforma do IR aprovada é prejudicial, diz economista-chefe do Credit Suisse

Publicado 15.09.2021, 11:02
© Reuters.
CSGN
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Por Jessica Bahia Melo

Investing.com – Com cenário de déficit fiscal e inflação alta, o crescimento econômico brasileiro fica prejudicado, segundo Solange Srour, economista-chefe do Credit Suisse (SIX:CSGN). A incerteza em relação às eleições, o abandono de reformas estruturantes e a aprovação de medidas errôneas também não auxiliam a retomada do consumo e dos investimentos. A economista participou na manhã desta quarta-feira (15) do Eleven Sessions, evento organizado pela Eleven Financial Research.

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A discussão mais efetiva dos precatórios, das reformas tributária e administrativa é essencial, de acordo com a economista. “A gente parou a agenda de reformas. Uma parte do problema está relacionada à crise do covid e uma parte à crise política que veio antes do covid. No novembro anterior, o país enviou ao congresso três PECs para consolidação fiscal que não foram votadas e discutidas. Com a pandemia, virou a PEC Emergencial, que se tornou pouco efetiva”, destaca.

Para Srour, a reforma tributária está completamente desvirtuada e, do ponto de vista fiscal, é prejudicial. “A reforma tributária que estava em discussão no ano passado tratava de simplificar o sistema, facilitar a vida das empresas, uma reforma que poderia trazer produtividade ao longo do tempo. Não se vê impactos no curto prazo, mas se espera que ocorra, porque o sistema tributário é muito complexo. E essa reforma foi abandonada”. A economista disse ainda que a reforma aprovada na Câmara dos Deputados, que trata do Imposto de Renda, não traz simplificação. “O que ela traz é um aumento de carga tributária para determinados setores, mas com queda de arrecadação para um país que precisa gerar primários positivos. Ela não simplifica o sistema, é aprovada para cumprir uma promessa eleitoral e criar um imposto, o de dividendos, para ser a contraparte de um programa social”, argumenta.

Para o ano que vem, a previsão é de uma economia que quase não cresce. “Infelizmente só vamos conseguir sair dessa espiral se a gente retomar uma série de reformas e a gente não vê isso acontecer antes de 2023 e com nova base no Congresso, com maior credibilidade”, afirma Srour.

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Política monetária

Sobre o impacto da inflação no país, a economista disse que os processos de desinflação e consolidação fiscal são duros, mas o Brasil já passou por isso anteriormente. Com a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 9,68% em agosto, considerando o acumulado de 12 meses, a Srour acredita que vai ser difícil o retorno para a meta. O Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu a meta em 3,75% neste ano, com 1,5 ponto percentual de intervalo de tolerância.

Srour apontou que o mundo passa por um choque de oferta em commodities e os serviços ficaram mais caros com a reabertura da economia, mas o Brasil tem dificuldades adicionais, como a crise de confiança, que pressiona o câmbio. “É muito choque potencializado pela depreciação do câmbio, que tem a ver com as políticas fiscais estimulativas sendo prorrogadas e a discussão se vai sustentar o teto. Isso prejudica muito o processo inflacionário. Tivemos um prolongamento de uma politica estimulativa por muito tempo. Isso cobra sua consequência agora. A gente não vê com tanta precisão como o Banco Central vai conseguir parar os juros. A gente não vê uma desinflação muito rápida no Brasil no ano que vem e em 2023”, reforça.

De acordo com a economista, a inércia inflacionária no país não foi quebrada, mas é cíclica. “Quando ela é baixa diminui e agora estamos vendo ela crescer. Isso tende a ser mais grave a medida que conseguimos ver ajustes salariais acima de 10% em algumas categorias. Em todos os processos de desinflação fortes em 2011 e 2015, a gente teve um juro real subindo bastante. infelizmente acho que isso vai precisar acontecer dessa vez também”, completa.

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Mercado externo

A economista-chefe do Credit Suisse acredita que o Federal Reserve tem conduzido muito bem o trabalho de comunicação a respeito de uma possível retirada de estímulos na economia e que o mercado não será pego de surpresa. Em relação à inflação nos países desenvolvidos, a expectativa é de que ela seja apenas temporária.

Já na Europa, o cenário analisado é grande de recuperação, mas com autoridades monetárias menos expansionistas, ainda que com políticas estimulativas. As atenções devem ser voltadas em breve às eleições na Alemanha, que podem indicar a permanência desse processo de expansão, visto a importância da economia do país.

Na China, Srour vê um movimento de maior intervenção em diversas áreas da economia, o que pode ser um fator de volatilidade nos mercados. “Acho que a China tem objetivo de controle da inflação e geopolítico, de controlar crescimento da desigualdade social e isso traz o temor de que a China possa desacelerar, traz uma fonte de incerteza. A gente vai ter que conviver com essas intervenções daqui para frente, mas também é diretriz não desacelerar a atividade”, completa a economista.

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