Por Noreen Burke e Leandro Manzoni
Investing.com - É a última semana cheia para os mercados antes do feriado de Natal e está marcada para ser uma semana intensa. As primeiras doses da campanha de vacina contra Covid-19 dos EUA devem ser administradas na segunda-feira, conforme o coronavírus se alastra em todo o país. Enquanto no Brasil, o governo encaminhou o plano nacional de vacinação para o STF.
Em Washington, o Congresso ainda está em um impasse quanto a um pacote de estímulo à pandemia, enquanto o Federal Reserve se prepara para realizar sua reunião final do ano.
Tesla está finalmente definido para se juntar ao S&P 500 pouco antes do fechamento do mercado na sexta-feira. Enquanto isso, as negociações do Brexit estão agitadas e, se nenhum acordo for alcançado até quinta-feira, a reunião final do Banco da Inglaterra em 2020 será um evento imperdível.
O Banco Central divulga a ata do Copom na terça-feira, com investidores atentos em relação à mudança no comunicado sobre o forward guidance. Na véspera, o BC divulga o IBC-Br de outubro, indicador que é uma prévia do PIB.
Aqui está o que você precisa saber para começar sua semana.
Confira o Calendário Econômico completo da semana
1. Início da campanha de vacina contra Covid-19 nos EUA
As primeiras doses da vacina desenvolvida pela Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) e a parceira alemã BioNTech SE (NASDAQ:BNTX) serão entregues a 145 locais nos Estados Unidos na segunda-feira, marcando um ponto de viragem na pandemia que matou mais de 295.000 americanos.
Infecções, hospitalizações e mortes estão atingindo níveis recordes nos EUA, que não conseguiu montar um esforço coordenado para desacelerar a disseminação do coronavírus.
Espera-se que profissionais de saúde e idosos em asilos sejam os principais destinatários de uma primeira rodada de 2,9 milhões de doses.
Milhões de americanos podem começar a ser vacinados este mês, especialmente se uma segunda vacina da Moderna (NASDAQ:MRNA) for aprovada rapidamente. Outras empresas com vacinas em desenvolvimento avançado incluem AstraZeneca (NASDAQ: AZN) (SA:A1ZN34) com Oxford University e Johnson & Johnson (NYSE: JNJ).
No Brasil, A Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou neste sábado ao Supremo Tribunal Federal (STF) o plano nacional de imunização contra o coronavírus, assinado pelo Ministério da Saúde. Sob o título de "Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19", o documento entra no âmbito de processo que tramita no STF sobre a aplicação de vacinas no país.
O programa é divido em dez eixos, passando pela definição de população-alvo, vacinas que serão aplicadas, operacionalização das campanhas, orçamento e comunicação que será adotada. O plano ressaltou que, atualmente, as vacinas contra a Covid-19 encontram-se em estudos de fase 3 e ainda não há um medicamento registrado e licenciado pelo país.
Já a Alemanha vai fechar a maioria dos comércios na próxima quarta-feira e mantê-los fechados até, pelo menos, 10 de janeiro, interrompendo a movimentada temporada de compras de Natal. Apenas comércios essenciais, como supermercados e farmácias, bem como bancos, devem permanecer abertos a partir de 16 de dezembro. Salões de beleza e estúdios de tatuagem também terão que fechar. O governo apoiará as empresas afetadas com uma quantia total de cerca de 11 bilhões de euros por mês. As empresas que forem forçadas a fechar podem receber até 90% dos custos fixos, ou até 500.000 euros por mês, disse o ministro das Finanças, Olaf Scholz.
2. Impasse nas negociações do estímulo fiscal nos EUA
Os investidores estão ansiosos para saber se mais estímulos fiscais estão chegando, já que o aumento dos casos de Covid-19 leva a novas medidas de contenção e fechamentos de empresas em muitos estados dos EUA.
Mas o Congresso perdeu outro prazo na sexta-feira para entregar um novo pacote de ajuda fiscal para ajudar a reanimar a economia. O Senado, em vez disso, aprovou uma extensão temporária do financiamento do governo para permitir mais tempo aos legisladores para trabalharem em um pacote de gastos maior, incluindo alívio do coronavírus.
Um acordo permanece indefinido após um impasse de meses entre republicanos e democratas sobre o tamanho do pacote potencial. Mais de 13 milhões de pessoas perderão o seguro-desemprego em 26 de dezembro sem uma ação rápida do Congresso.
No Brasil, a pauta legislativa se concentrará entre as movimentações de parlamentares para a eleição da presidência das duas Casas do Congresso e a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que, de acordo com a Constituição, deveria ter sido aprovadoem até 17 de julho.
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Caso não seja aprovada a LDO, o governo federal corre risco de paralisia, situação que não poderia executar gasto algum. Analistas políticos, porém, avaliam que o risco é pequeno de não-aprovação.
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3. Reunião do Fed
O Fed deve realizar sua reunião final de política monetária de 2020, em um contexto de recuperação econômica vacilante.
O relatório de empregos dos EUA de novembro apontou para uma perda de ímpeto no mercado de trabalho e os dados mais recentes de pedidos de seguro-desemprego atingiram o maior nível desde setembro, em meio a novas medidas de contenção para conter a propagação do vírus.
Isso pode levar os formuladores de políticas a debater mudanças no programa de compra de ativos do banco ou alterar sua orientação futura para compras futuras, especialmente porque o Congresso continua paralisado em relação a estímulos fiscais adicionais.
Na terça-feira no Brasil, os investidores estarão atentos à ata do Copom, especialmente no trecho do forward guidance, que basicamente fechou as portas para uma eventual redução da taxa Selic. Alguns econonistas interpretam que a sinalização de mudança de horizonte da política monetária para o IPCA de 2022 - expressa no comunicado - aliado a uma combinação de pressão inflacionária de curto prazo - mas temporária, na visão do BC - com risco fiscal pode ser um indicativo de início do ciclo de alta para o ano que vem, porém sem sinalizar quando.
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Na véspera, o BC divulga o IBC-Br de outubro, indicador que é uma prévia do PIB. A projeção dos economistas é de crescimento de 1% em relação a setembrp, quando teve expansão de 1,29% ante o mês anterior.
Além disso, na sexta-feira, o Banco Central também divulga os dados de Transações Correntes e do Investimento Estrangeiro Direto de novembro.
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4. Tesla para se juntar ao S&P 500
A Tesla se junta ao S&P 500 na sexta-feira e os investidores antecipam uma negociação épica de mais de US$ 50 bilhões de ações das montadoras elétricas minutos antes do fechamento, conforme os fundos de índice ajustam as participações para coincidir com o rebalanceamento da carteira teórica do índice de referência.
Adicionar Tesla ao índice mais seguido de Wall Street forçará os fundos do S&P 500 a comprar suas ações, enquanto simultaneamente vendem ações de outros integrantes do S&P 500.
O valor do mercado de ações da Tesla é de cerca de US$ 600 bilhões, e suas ações estão em alta de 600% no acumulado do ano.
As ações da Tesla (NASDAQ:TSLA) subiram 50% desde novembro, quando sua estreia no índice foi anunciada. É a empresa automotiva mais valiosa do mundo, apesar de ter uma produção que é apenas uma fração das rivais Toyota (NYSE:TM), Volkswagen (DE:VOWG_p) e General Motors (NYSE:GM) (SA:GMCO34).
Os fundos ativos, muitos dos quais evitaram Tesla, devem agora decidir quanto possuir, se houver. Os gerentes de portfólio estão ligando para o analista Ryan Brinkman do JPMorgan para obter conselhos. Sua visão? Tesla está "dramaticamente" supervalorizado.
5. Brexit e o Banco da Inglaterra
As negociações do Brexit entraram na prorrogação no domingo, com uma caótica saída sem acordo para a Grã-Bretanha da União Europeia quando o período de transição terminar em 31 de dezembro parecendo cada vez mais provável.
CHARGE: Brexit, a hora da brincadeira está acabando
O primeiro-ministro Boris Johnson disse que há "uma forte possibilidade" de que a Grã-Bretanha e a UE não consigam chegar a um acordo comercial.
Nenhum acordo até a reunião de quinta-feira significaria que o BoE precisará se concentrar no aumento dos riscos para a economia e, possivelmente, abrir as portas para mais estímulos e taxas de juros abaixo de zero.
Quando os formuladores de políticas do BoE anunciaram um aumento de 150 bilhões de libras em estímulos no mês passado, eles provavelmente não previram agir novamente em breve.
- Com informações de Reuters