Por Daniel Shvartsman e Leandro Manzoni
Investing.com - Apesar de alguns balanços de destaque abaixo das expectativas, uma decisão surpresa do banco central e de dados econômicos pouco inspiradores, os mercados seguiram adiante para fechar outubro em alta. Os principais índices dos EUA - S&P 500, NASDAQ Composite e Dow Jones Industrial Average - estabeleceram todos recordes históricos de fechamento.
Os índices europeus também avançaram, além da negociação de criptomoedas assistir a um conjunto de altas e máximas históricas. Esse otimismo do mercado será testado de todas as formas esta semana, com uma série de resultados corporativos, folhas de pagamento não agrícolas nos EUA e uma reunião do Fed que deve sinalizar o início da redução gradual do estímulo econômico.
No Brasil, o pessimismo tomou conta, com o Ibovespa recuando 2,63% no acumulado da semana e o dólar com uma leve baixa de 0,18% - embora este tenha tendência de alta. Inflação elevada e acima do esperado, intensificação do ritmo de aperto monetário e riscos fiscais deixaram os investidores na defensiva.
Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana.
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1. Temporada de resultados continua
A divulgação de resultados continua a ser a principal história dos mercados de capitais no mundo todo. Embora muitos dos nomes de maior destaque já tenham anunciado seus resultados, sendo Microsoft (NASDAQ:MSFT) (SA:MSFT34) e Alphabet (NASDAQ:GOOGL) Inc (NASDAQ:GOOG) (SA:GOGL34) as empresas a apresentarem os melhores desempenhos na semana passada, enquanto Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), Amazon.com (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) e Facebook (NASDAQ:FB) (SA:FBOK34) - em breve Meta - ficando para trás, uma gama muito mais ampla de empresas irá divulgar atualizações de seus dados para este trimestre.
Elas incluem:
- Empresas de viagens como Ryanair (NASDAQ:RYAAY) (SA:R1YA34) (segunda-feira), Air Canada (TSX:AC) (terça-feira), Booking Holdings (NASDAQ:BKNG) (SA:BKNG34) (quarta-feira), Expedia (NASDAQ:EXPE) (SA:EXGR34) (quinta-feira) e Amadeus IT (OTC:AMADY) (sexta-feira);
- Produtores de commodities ou empresas relacionadas como ConocoPhillips (NYSE:COP) (SA:COPH34) (terça-feira), Diamondback Energy (NASDAQ:FANG) (SA:F1AN34) (segunda-feira), Williams Companies Inc (NYSE:WMB) (SA:W1MB34)(segunda-feira), Mosaic (NYSE:MOS) (SA:MOSC34) (segunda-feira), CF Industries Holdings (NYSE:CF) (SA:C1FI34) (quarta-feira), EOG Resources (NYSE:EOG) (SA:E1OG34), Dominion Energy (NYSE:D) (SA:D1OM34) (sexta-feira) e Enbridge (NYSE:ENB) (sexta-feira);
- Empresas de tecnologia desde o comércio eletrônico a semicondutores, passando por software, como a NXP Semiconductors (NASDAQ:NXPI) (SA:N1XP34) (segunda-feira), Arista Networks (NYSE:ANET) (SA:A1NE34) (segunda-feira), Activision Blizzard (NASDAQ:ATVI) (SA:ATVI34) (terça-feira), Electronic Arts (NASDAQ:EA) (SA:EAIN34) (quarta-feira), Etsy (NASDAQ:ETSY) (quarta-feira), Datadog Inc (NASDAQ:DDOG) (quinta-feira), Skyworks Solutions (NASDAQ:SWKS) (SA:S1SL34) (quinta-feira), Carvana Co (NYSE:CVNA) (quinta-feira) e Wayfair (NYSE:W) (quinta-feira);
- Industriais e Farmacêuticas como Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) (terça-feira), T-Mobile US (NASDAQ:TMUS) (SA:T1MU34) (terça-feira), Eaton Corporation (NYSE:ETN) (SA:E1TN34) (terça-feira), Cummins (NYSE:CMI) (SA:C1MI34) (terça-feira), Emerson Electric (NYSE:EMR) (SA:E1MR34) (quarta-feira), Humana (NYSE:HUM) (SA:H1UM34) (quarta-feira), CVS (NYSE:CVS) (SA:CVSH34) (quarta-feira), Toyota Motor (NYSE:TM) (SA:TMCO34) (quinta-feira) e Honda (T:7267) Motor (NYSE:HMC) (SA:HOND34) (sexta-feira).
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As questões de cadeia de fornecimento e a inflação estarão naturalmente na mente dos investidores enquanto observam estas divulgações, bem como o tamanho do impacto da desaceleração do crescimento dos EUA no terceiro trimestre sobre estas companhias, e o que isso significa para suas respectivas projeções. À medida que as empresas superam os trimestres afetados pela pandemia, descobrir qual é o novo normal tanto para as empresas em recuperação como aquelas com grandes ganhos em 2020 também estará na lista de tarefas.
No Brasil, a agenda de resultados será concentrada entre quarta (3) e sexta-feira (5), devido ao feriado de 2 de novembro. Os destaques da semana serão Bradesco (SA:BBDC4), Itaú Unibanco, CSN (SA:CSNA3), Embraer (SA:EMBR3) e JHSF (SA:JHSF3), dando continuidade após a semana em que a Petrobras (SA:PETR4) teve um lucro acima do esperado, de R$ 31,1 bilhões, no 3º trimestre de 2021, enquanto a Vale (SA:VALE3) teve um lucro abaixo do esperado, de US$ 3,886 bilhões, e o da Ambev (SA:ABEV3) subiu 56% em relação ao mesmo período do ano anterior, mas com ajuda de lucros não-recorrentes.
Calendário: Bradesco, Itaú e CSN divulgam balanços do 3T21 na semana do feriado
2. Folhas de pagamento não agrícolas nos EUA e ata do Copom no Brasil
Depois do decepcionante relatório de emprego de outubro e o silencioso número do PIB, o relatório de folhas de pagamento não agrícolas de novembro testará a força da recuperação econômica dos EUA. As expectativas são de 385 mil novos empregos, após o relatório ficar abaixo das expectativas em cada um dos últimos dois meses.
Resta saber se esta calmaria era temporária e se deveu à disseminação da variante delta do coronavírus no verão do hemisfério norte ou a problemas na cadeia de fornecimento. O relatório pode afetar a velocidade da implantação do tapering pelo Fed, além de proporcionar um impulso adicional aos Democratas no Congresso para suas negociações sobre o pacote orçamental.
No Brasil, os investidores ficarão atentos ao Boletim Focus na segunda-feira de manhã, após bancos e corretoras reajustarem estimativas para PIB, inflação, dólar e a taxa básica de juros após o IPCA-15 de outubro avançar 1,2% - acelerando a alta de 1,14% de setembro e acima da projeção de 0,97% do mercado - e o aumento do ritmo de aperto monetário do Copom, que elevou a taxa Selic em 1,5 ponto percentual, de 6,25% para 7,75%. A ata do Copom, a ser divulgada na terça-feira, será lida minuciosamente para entender até que ponto a taxa Selic pode atingir até o fim do atual ciclo de alta.
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3. Reunião do Fed
O relatório Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed (FOMC) sai às 15h de quarta-feira, após uma reunião de dois dias. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou nas últimas semanas que o plano para o início da redução gradual do estímulo em novembro ainda está ativo, de modo que a questão é saber se isso irá acontecer.
O anúncio do Banco do Canadá na semana passada, de que iria interromper a flexibilização quantitativa, apanhou muitos de surpresa, e continuam em pauta tanto a rapidez com que os bancos centrais se afastarão das medidas extraordinárias da era de pandemia como a forma como a qual a economia e os mercados reagirão.
Também deve-se observar nos comentários de Powell e na coletiva de imprensa na sequência a sua atual opinião sobre a inflação, após os debates sobre sua natureza transitória ou persistente, e o que isso significa para o ritmo de aumento das taxas de juros nos meses (anos?) por vir. Digno de nota, o dólar estourou na sexta-feira depois de ser negociado em baixa na maior parte do mês, sendo que ele entrará em foco caso haja alguma surpresa.
Na quinta-feira, o Banco da Inglaterra divulga sua decisão de política monetária de novembro, com muitos nos mercados esperando um aumento de 15 pontos base. A forma como os mercados lidam com o retorno do aperto monetário ainda é algo a ser visto, independentemente do quanto já foi "precificado" por meio das expectativas.
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4. Relatórios PMI de manufatura e produção industrial no Brasil
Enquanto entramos na época de festas de fim de ano, os atrasos na cadeia de fornecimento e vários outros obstáculos ao crescimento estarão no centro das atenções. Uma série de relatórios PMI saem esta semana. A China já deu o pontapé inicial, com decepcionantes 49,2, registrando redução da atividade. Os EUA, Reino Unido, Alemanha e outros países da zona do euro também farão seus anúncios. As expectativas são de uma expansão generalizada - números acima de 50 no índice - e dará uma indicação adicional de como a economia global deve terminar o ano, e talvez com qual antecedência os consumidores terão que comprar seus presentes de fim de ano.
No Brasil, o PMI Industrial será conhecido às 10h00 na segunda-feira - em setembro, o índice foi de 54,4. Já a produção industrial será divulgada na quinta-feira, com projeção de queda tanto na base mensal (-0,2%) e anual (-4%).
5. Cripto: Outro ETF do Bitcoin e aperto monetário
Há duas semanas era o Bitcoin, e na semana passada foi o Ethereum a principal criptomoeda a estabelecer sua nova máxima histórica. Enquanto isso, moedas menores e com menos fundamentos, como a Shiba Inu, continuam a ganhar as manchetes.
Esta semana, há duas histórias de primeira página a se observar com impacto sobre o mundo das criptomoedas. A primeira é que um terceiro ETF do bitcoin deve começar a ser negociado, pois o VanEck Bitcoin Strategy ETF (NYSE:XBTF) deverá fazer sua estreia até quarta-feira. A empolgação em torno do primeiro ETF, ProShares Bitcoin Strategy ETF (NYSE:BITO), pode ter impulsionado o bitcoin à máxima histórica, mas a resposta ao segundo, Valkyrie Bitcoin Strategy ETF (NASDAQ:BTF), foi mais silenciosa.
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Também vale a pena ver como o complexo cripto reage a um ambiente de mais arrocho. Grande parte da tese de investimento para as criptomoedas está vinculada à inflação e ao valor do dinheiro; um aumento no custo do capital por meio do aperto dos bancos centrais poderia tornar as moedas e ativos tradicionais relativamente mais atraentes. Embora seja em grande parte uma coincidência, talvez valha a pena ter em mente o ciclo de arrocho de 2018 e o simultâneo ano ruim em cripto, mesmo que o otimismo no setor continue elevado.