Investing.com - O Ibovespa arrancou para a sexta semana consecutiva de alta em meio a um clima menos tenso na política em Brasília com a consolidação das expectativas pela permanência de Michel Temer e a troca de comando na Câmara dos Deputados com a eleição de um aliado substituindo Eduardo Cunha.
A solução do conflito na Câmara com a posse de Rodrigo Maia deu fôlego ao governo com a expectativa de uma pauta complicada poderá ser colocada em votação. O Planalto quer aprovar ainda neste ano o projeto que limita os gastos do governo e, se possível, encaminhar a reforma da Previdência.
Na área econômica, o mercado vê com bons olhos as medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e sua aparente força no governo para fazer valer suas opiniões frente divergências internas.
Na sexta-feira, o Ibovespa superou os 57 mil pontos no fechamento, patamar que não era rompido desde maio de 2015. O índice embalou em uma alta de 11 pregões consecutivos encerrados com uma leve queda na quarta-feira.
O bom humor do mercado é sustentado também pelo panorama externo, que aguarda medidas de incentivo à economia ainda no rescaldo pós-Brexit. No fim da semana, contudo, o Banco Central Europeu e o Banco do Japão deram demonstrações de que essas medidas não serão tão imediatas quanto o mercado esperava.
Da maior economia do mundo, as últimas semanas foram marcadas por uma sucessão de bons dados que reforçam a perspectiva de força no crescimento do país. E, com as incertezas criadas pela decisão britânica de deixar a União Europeia, cada vez menos analistas apostam em altas dos juros dos EUA neste ano. Com esse cenário favorável, os índices S&P 500 e Dow Jones 30 bateram sucessivos recordes históricos.
Dólar. A moeda passou uma das semanas com menor volatilidade desde o início da convulsão política criada após a reeleição da presidente afastada Dilma Rousseff terminando estável em R$ 3,25, com variação entre R$ 3,24 e R$ 3,29. No exterior, a divisa se fortaleceu pela quinta semana consecutiva frente a uma cesta de moedas e o Índice Dólar avançou 1%.
Petrobras (SA:PETR4). A empresa surfa na onda de otimismo do país, amplificada com a boa percepção do mercado sobre a diretoria sob o comando de Pedro Parente. A companhia ganhou 8% na semana e encostou nos R$ 12, recuperando dos R$ 4,12 na mínima atingida no início de fevereiro. No começo da semana, a Petrobras anunciou que processará a Astra Oil, de quem adquiriu a refinaria de Pasadena. Os conselheiros da petroleira vão analisar nova proposta de dividir o controle da BR com sócio privado para melhorar as condições de venda da distribuidora.
Vale (SA:VALE5). A mineradora disparou na bolsa após apresentar um resultado operacional relativo ao segundo trimestre que superou as expectativas do mercado. A companhia produziu 2,8% menos na comparação anual e prevê redução na extração anual para 2017.
Oi (SA:OIBR4). Os conselheiros da empresa se reúnem nesta sexta-feira para discutir o afastamento dos membros indicados pela Portugal Telecom. A ação da telefônica subiu com a notícia de que um consórcio formado por fundos investidores poderá fazer oferta por uma fatia da companhia.
Elétricas. A distribuidora voltou a ter maior atenção do mercado com a notícia de que estuda vender sua participação na Light para reduzir seu endividamento. Copel (SA:CPLE6) registrou queda de 1,9% na energia distribuída para o mercado cativo no segundo trimestre.
Construtoras. As empreiteiras listadas na Bolsa de São Paulo subiram com a expectativa de que a Caixa aumente o teto e melhore as condições de financiamento de imóveis novos e usados. A alteração na concessão de empréstimo é parte de um pacote de medidas que deverá ser lançado pelo governo para ajudar o setor. A Cyrela (SA:CCPR3) anunciou forte redução nas vendas e lançamentos do segundo trimestre.
Localiza (SA:RENT3). O bom balanço do segundo trimestre alavancou as ações da empresa que chegaram a subir 5% no último pregão da semana.
BRF (SA:BRFS3). A notícia de que a companhia poderá realizar um IPO da subsidiária de comida halal provocou uma busca por papéis da empresa, que valorizou na sexta-feira.
Qualicorp (SA:QUAL3). Com a negativa do interesse dos grupos Carlyle e CVC em fazer uma oferta pública pelas ações da empresa, o papel cedeu. Nas últimas semanas, a ação subiu fortemente com os rumores de uma possível aquisição.
Commodities
Petróleo. A commodity encerrou a semana com perdas de quase 4% com o fim da tensão na Turquia, combinado com um receio de maior produção nos EUA com queda na demanda europeia. O WTI fechou abaixo dos US$ 45/b e o Brent ficou nos US$ 45,50.
Aço. A produção brasileira de aço bruto caiu 8,5% em junho na comparação anual. O Brasil anunciou que estuda ações antidumping contra Rússia e China. Esta última tem reduzido a produção em um mercado sobreofertado.
Café. A Conab aponta uma queda nos estoques privados de café na mesma semana que houve geadas que atrapalhou a safra de café no Sul do país.
Açúcar. Datagro reduziu a expectativa de moagem das usinas do Centro-Sul para 597,25 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
Indicadores
Inflação. O IPCA-15 frustrou as expectativas de queda na inflação, com a pressão de passagens aéreas e alimentos, especialmente, leite e feijão. O índice avançou 0,54%. O IGP-M desacelerou a 0,32%. IPC-S subiu 0,41%.
Copom. A primeira reunião sob o comando de Ilan Goldfajn terminou sem surpresas para o mercado com a manutenção da Selic a 14,25%.
BCE. O Banco Central Europeu também optou por manter a taxa de juros em 0% e a taxa de depósito em -0,4%.