A crise política acirrou os ânimos nessa semana com a posse de Lula como ministro da Casa Civil, vazamento da conversa de Dilma com Lula, início do processo de impeachment na Câmara dos Deputados e a homologação da delação de Delcídio do Amaral, dando sequência às grandes manifestações do domingo contra o governo.
O mercado ficou altamente volátil acompanhando em tempo real as notícias políticas com fortes movimentos especulativos que fez o Ibovespa flutuar entre 46.522 pontos e 51.299, com grandes variações diárias, especialmente nas ações da Petrobras (SA:PETR4) e do Banco do Brasil (SA:BBAS3).
O dólar também flutuou acompanhando a cena política e terminou a semana abaixo de R$ 3,60, variando entre R$ 3,58 e R$ 3,85.
O maior impacto político da semana ocorreu com o imbróglio da nomeação do Lula para assumir a Casa Civil, em uma estratégia do governo contra o impeachment que se arrastava há duas semanas, desde a condução coercitiva do ex-presidente. A estrada de Lula no governo foi vista como a cartada final da presidente Dilma para atrair aliados e garantir a votação contra o impeachment.
A estratégia desenhada ao longo de muitas reuniões com a cúpula do governo foi por água abaixo com a divulgação pelo juiz Sérgio Moro de conversa telefônica de Dilma com Lula gravadas com autorização judicial, na qual se entendeu que a presidente teria enviado um documento de posse para que Lula usasse para se proteger de prisão. A interpretação foi refutada pelo Planalto, mas o estrago político já estava feito, com o início de uma batalha de liminares na Justiça contra a posse do ex-presidente.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, aproveitou o momento de fraqueza do governo e instaurou comissão para analisar o impeachment e abriu sessão extra na sexta-feira para iniciar a contagem do prazo de defesa da presidente.
O governo ainda foi bombardeado por avaliar utilizar as reservas internacionais para pagamento da dívida e a inclusão do ministro da Educação, Aloísio Mercadante, na delação de Delcídio do Amaral.
Petrobras. A companhia foi atingida pela instabilidade política e fechou a semana a R$ 8,12, com fortes variações diárias entre -10% e +12%. A petroleira enfrentou um incêndio que paralisou a plataforma P-48 e estaria ponderando abrir mão do controle da BR Distribuidora.
Vale. A empresa surfou na valorização do minério e acumulou ganhos de 11% na semana, fechando a R$ 11,27. A Vale assinou com o grupo Cosco acordo para transportar minério por 27 anos. A empresa também poderá receber na próxima semana aval para nova barragem em Minas Gerais.
JBS. A empresa anunciou prejuízo de R$ 275 milhões no quatro trimestre de 2015.
Embraer (SA:EMBR3). O CEO da empresa foi acusado de ter conhecimento sobre pagamentos ilícitos em depoimento de consultor.
Usiminas (SA:USIM5). A siderúrgica conseguiu fechar acordo com credores para suspender por 120 dias o pagamento de dívidas, condicionado à aprovação da capitalização de R$ 1 bilhão, em assembleia que deverá ocorrer em abril.
Gerdau (SA:GGBR4). A companhia anunciou prejuízo de R$ 41 milhões no último trimestre de 2015, sem provisionamento por causa da operação Zelotes.
Economia
Fed. O banco central norte-americano optou por manter inalterada a taxa de juros do país em 0,5% e prevê apenas duas altas no ano. A decisão fez o dólar perder força com desvalorização semanal de 1,16% no Índice Dólar.
Ganho de Capital. A presidente Dilma sancionou lei que eleva a tributação sobre o ganho de capital.
Commodities
Petróleo. A commodity ganhou força na semana e ultrapassou a barreira dos US$ 40/b pela primeira vez desde dezembro com a maior confiança acerca do acordo de congelamento de produção, costurado entre a Rússia e a Opep. A exclusão do Irã do acordo – um dos principais entraves para o acerto – foi aceita pelos países, o que abre caminho para fechar o acordo em abril.
Café. Produtores deverão antecipar a safra deste ano com o desenvolvimento da lavoura do arábica. Os estoques deverão ficar em níveis baixos em 2017.
Soja. A Agroconsult prevê redução no ritmo de expansão da soja para a safra 2016/17, a consultoria ainda elevou para 101,7 milhões de toneladas a previsão para a safra deste ano. A Abiove reviu para 99,7 milhões de toneladas sua projeção para este ano.
Energia. O ONS reduziu sua projeção de chuvas em hidrelétricas para março.
Indicadores
Arrecadação. A receita com impostos caiu 11,53% em fevereiro.
IBC-Br. O índice de atividade da economia caiu 0,61% em janeiro.
Inflação. IGP-M reduziu para 0,43% na segunda prévia de março. IPC-Fipe acelerou para 0,94% na segunda quadrissemana de março. IGP-10 desacelerou para 0,58%.
Desemprego. A taxa média de desocupação chegou a 8,5% em 2015, segundo o IBGE.