Três decisões, diversas surpresas e uma certeza: o cenário econômico se confirma como desafiador para o próximo biênio.
Nos EUA, o Federal Reserve pôs abaixo quaisquer expectativas de retomada do aperto monetário no curto prazo e ao manter os juros inalterados, reforçou a perspectiva de responder ao seu duplo mandato, desemprego e inflação baixos e reagir somente quando tal premissa for ameaçada.
Para o FOMC, “À luz dos desenvolvimentos econômicos e financeiros globais e das pressões inflacionárias moderadas, o Comitê será paciente, uma vez que determina quais ajustes futuros no intervalo de metas para a taxa dos Fed Funds podem ser apropriados para apoiar esses resultados”
Esta paciência se une ao discurso de Jerome Powell, chairman do Fed, ao indicar que diz que as economias chinesa e europeia se desaceleraram "substancialmente", daí entende-se a dificuldade em se alinhar um discurso de possível elevação de juros e dados indicando ao contrário.
Localmente, além de alterar o termo de riscos inflacionários assimétricos por simétricos, o COPOM alimentou a perspectiva dovish ao citar o estado atual da economia e a necessidade de um contexto estimulativo, porém reforçou a necessidade premente de aprovação das reformas, pois sem isso, os riscos inflacionários se avolumam de maneira ímpar.
Resumindo, o BC disse novamente “ou aprova, ou não cortamos juros”.
Ao assumir esta cautela, o BC estrategicamente lança a responsabilidade pelo futuro da economia à quem neste momento importa, a classe política. Daí temos o ponto dissonante, a reforma dos militares.
CENÁRIO POLÍTICO
Dadas as conversas afáveis entre o executivo e as lideranças do congresso e da maneira em que Maia apresentou o projeto de reforma da previdência dos militares, confesso que tenho dúvidas sobre a intenção do governo ao lançar tal texto, em um momento político delicado.
A reforma da previdência dos militares, aliada à demanda de reestruturação de carreiras, diga-se de passagem até justa, dado o tratamento que receberam nos últimos 20 anos, pode trazer um ônus político considerável, dadas a necessidade de ‘sacrifícios’ em prol do texto geral.
É a ‘faca e o queijo’ na mão dos descontentes, da oposição até a base aliada.
Difícil entender se o governo lançou o texto de modo a que seja em partes o bode expiatório da desidratação do original, para que sofra a tal ‘queima de gordura’ ou se acredita que mesmo tal economia pífia de R$ 6 bi ao ano considerando os estados é minimamente crível.
Se for este o caso, o governo acaba de dar um ‘tiro no pé’ e de fuzil.
ABERTURA DE MERCADOS
A abertura na Europa é negativa e os futuros NY abrem em queda, com o cenário global desafiador apresentado pelo FOMC.
Na Ásia, o fechamento foi misto, em reação à decisão de juros nos EUA.
O dólar opera em alta contra a maioria das divisas, enquanto os Treasuries operam negativos em todos os vencimentos.
Entre as commodities metálicas, altas, destaque à prata.
O petróleo abre em queda, com a falta de consenso da OPEP sobre novos cortes.
O índice VIX de volatilidade abre em alta de 4%
CÂMBIO
Dólar à vista : R$ 3,7773 / -0,32 %
Euro / Dólar : US$ 1,14 / -0,237%
Dólar / Iene : ¥ 110,55 / -0,136%
Libra / Dólar : US$ 1,31 / -0,689%
Dólar Fut. (1 m) : 3744,76 / -0,97 %
JUROS FUTUROS (DI)
DI - Janeiro 20: 6,33 % aa (-0,12%)
DI - Janeiro 21: 6,85 % aa (-0,72%)
DI - Janeiro 23: 7,86 % aa (-1,26%)
DI - Janeiro 25: 8,39 % aa (-1,18%)
BOLSAS DE VALORES
FECHAMENTO
Ibovespa: -1,55% / 98.041 pontos
Dow Jones: -0,55% / 25.746 pontos
Nasdaq: 0,07% / 7.729 pontos
Nikkei: 0,20% / 21.609 pontos
Hang Seng: -0,85% / 29.072 pontos
ASX 200: 0,03% / 6.167 pontos
ABERTURA
DAX: -0,460% / 11550,54 pontos
CAC 40: -0,119% / 5376,23 pontos
FTSE: 0,585% / 7333,65 pontos
Ibovespa Futuros: -1,61% / 98399,00 pontos
S&P 500 Futuros: -0,325% / 2817,80 pontos
Nasdaq 100 Futuros: -0,388% / 7380,75 pontos
COMMODITIES
Índice Bloomberg: 0,22% / 82,47 ptos
Petróleo WTI: -0,81% / $59,74
Petróleo Brent:-0,55% / $68,12
Ouro: 0,25% / $1.315,78
Minério de Ferro: -0,95% / $85,41
Soja: -0,37% / $16,11
Milho: 0,34% / $372,75
Café: 0,05% / $94,70
Açúcar: -0,78% / $12,62