Houve e não houve surpresa na decisão do FOMC ontem, a qual manteve os juros inalterados nos EUA na faixa de 0,25% aa e decidiu por dobrar a redução na compra e recompra de títulos por parte do Fed.
Não houve exatamente pelos fatores citados acima, amplamente aguardados pelo mercado e dentro das premissas citadas recentemente por membros do Fed, ainda que tenha reservas dos mais dovish como Powell.
O comunicado poderia ser chamado de hawkish, exatamente por retirar a temporariedade da inflação – a qual não fazia sentido duas reuniões atrás – e preconizar a possibilidade de haver um processo relativamente intenso de normalização de juros ao fim do tapering.
Todavia, as projeções dos membros do Fed de juros a 1,5% aa embutem algumas mensagens importantes: Primeiro é a de 6 elevações de juros, separando em 3 para 2022 e 3 para 2023, o que em tese levaria o aperto monetário mais para o segundo, do que para o primeiro semestre do próximo ano.
Depois, o Fed sabe, ao citar salários, que parte da inflação vem exatamente das políticas de auxílio desemprego nos EUA e seus impactos nos salários, que se reduzem com a retida dos estímulos estaduais e num futuro, dos estímulos federais.
Powell citou o fato, mas culpou o fato das pessoas estarem em casa ao temor de se contaminar por COVID-19 e não pelo conforto que muitos expressam nas redes sociais de saírem deliberadamente de seus empregos, para viver sob o conforto, ainda que mínimo, da rede de proteção do estado.
Para o Fed, o desafio não fica somente na questão de curto prazo, o que inclui os choques na cadeia de suprimentos e os problemas globais com o custo de energia, o qual os EUA resolveriam muito rapidamente, se reativassem sua matriz de exploração de óleo de xisto.
Existe, porém, uma inflação praticamente contratada pelo plano já aprovado de infraestrutura de Biden, que requereria, por exemplo, que o atual colchão de proteção social fosse reduzido ou esvaziado (os auxílios desemprego) para evitar a continuidade do choque de custos de mão de obra.
Neste sentido, o Fed necessita sim retirar os estímulos presentes (já o deveria ter sido feito), o que não implica em automática elevação de juros ao seu fim.
Atenção hoje ao Relatório Trimestral de Inflação RTI e produção industrial nos EUA.
Abertura de mercados
A abertura na Europa é positiva e os futuros NY abrem em alta, com reação pela decisão do FOMC.
Em Ásia-Pacífico, mercados positivos, após a decisão do Fed em reduzir a compra de ativos.
O dólar opera em queda contra a maioria das divisas centrais, enquanto os Treasuries operam negativos em todos os vencimentos.
Entre as commodities metálicas, altas, destaque ao minério de ferro e prata.
O petróleo abre queda em Londres e Nova York, com a elevação de demanda por gasolina nos EUA.
O índice VIX de volatilidade abre em baixa de -2,95%.
Câmbio
Dólar à vista : R$ 5,6852 / -0,08 %
Euro / Dólar : US$ 1,13 / 0,239%
Dolar / Iene : ¥ 114,15 / 0,070%
GBP/USD: US$ 1,33 / 0,294%
Dólar Fut. (1 m) : 5741,60 / 0,43 %
Juros futuros (DI)
DI - Janeiro 23: 11,55 % aa (0,57%)
DI - Janeiro 24: 10,88 % aa (0,88%)
DI - Janeiro 26: 10,39 % aa (0,39%)
DI - Janeiro 27: 10,39 % aa (0,29%)
Bolsas de valores
FECHAMENTO
Ibovespa: 0,6288% / 107.431 pontos
Dow Jones: 1,0782% / 35.927 pontos
Nasdaq: 2,1522% / 15.566 pontos
Nikkei: 2,13% / 29.066 pontos
Hang Seng: 0,23% / 23.476 pontos
ASX 200: -0,43% / 7.296 pontos
ABERTURA
DAX: 1,527% / 15712,71 pontos
CAC 40: 1,066% / 7001,47 pontos
FTSE 100: 0,814% / 7229,15 pontos
Ibovespa Futuros: 0,60% / 108861,00 pontos
S&P 500 Futuros: 0,54% / 4734,75 pontos
Nasdaq 100 Futuros: 0,596% / 16388,75 pontos
Commodities
Índice Bloomberg: 1,38% / 96,84 ptos
Petróleo WTI: 0,96% / $71,68
Petróleo Brent: 0,81% / $74,73
Ouro: 0,50% / $1.786,94
Minério de ferro refinado: 3,86% / $109,22
Soja: 0,85% / $1.273,25
Milho: 0,60% / $589,00
Café: 0,11% / $237,40
Açúcar: 0,98% / $19,45