AO VIVO: Lula assina MP contra tarifaço de Trump
Investing.com - As apostas de que a semana seria mais calma com o feriado de Ações de Graças nos EUA resfriando o ânimo dos mercados caiu por terra com uma crise política estourando dentro do Palácio do Planalto. O presidente Michel Temer foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de fazer pressão para que aceitasse o pedido pessoal do então ministro Geddel Vieira Lima em uma decisão do Iphan em empreendimento imobiliário.
O maior temor do governo quase se materializou no final da semana com a possibilidade de Calero ter gravado a conversa com o presidente e apresentado à Polícia Federal em depoimento sobre o caso. O político, contudo, negou ter feito tal gravação e o clima parece ter ficado mais ameno, na sequência do pedido de renúncia de Geddel Vieira Lima da Secretaria do Governo. A repercussão da imprensa no final de semana e fatos novos poderão empurrar a tensão para a próxima semana.
A proximidade de Temer de uma ação de favorecimento pessoal provoca o medo de que o governo pudesse perder a base aliada e enfrentar fortes protestos populares, inviabilizando, assim, a aprovação das medidas de ajuste fiscal como a PEC do teto de gastos que tramita no Senado Federal. Temer nega ter pedido favores e informou que tentou resolver o conflito entre os ministros.
O sentimento do mercado em relação ao crescimento da crise política – aparentemente estancada com a saída de Geddel e a confirmação de que não seria divulgada a voz do presidente pedindo favores pessoais – foi percebido pela disparada do dólar nas primeiras horas da sexta-feira, quando a divisa superou os R$ 3,46, e a bolsa abriu em baixa pressionada por Petrobras e o setor bancário.
A moeda norte-americana vem em tendência de alta desde a eleição de Trump e teve movimento ampliado com a divulgação da ata da reunião do Federal Reserve na qual os diretores praticamente definem uma elevação no encontro de dezembro. O dólar alcançou a máxima de 14 anos frente a uma cesta ponderada composta por seis moedas: euro (57,6% de peso), iene (13,6%), libra (11,9%), dólar canadense (9,1%), coroa sueca (4,2%) e o franco suíço (3,6%).
De volta a Brasília, a semana foi intensa no Congresso com a aprovação da nova fase da repatriação e a apreciação de diversos temas que não se conectam diretamente à economia, mas têm potencial de rachar a base aliada e de prejudicar a aprovação pública do governo. Está nas mãos dos parlamentares as medidas contra a corrupção e a possibilidade de anistiar o crime de caixa dois. A movimentação ocorre em meio às assinaturas de delação premiada dos executivos da Odebrecht, que tem potencial de causar grande abalo nos principais partidos de sustentação e oposição ao governo.
No início da semana, o presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ainda receberam governadores que estão com grande dificuldade de fechar as contas para tentar achar uma solução comum. Os políticos decidiram apresentar uma proposta única de reforma previdenciária para os estados e Meirelles reafirmou a necessidade de ajuste fiscal. Os governadores tentam ainda uma linha de empréstimo com uma fatia dos R$ 100 bilhões que serão devolvidos antecipadamente pelo BNDES à União.
Na agenda da semana, Temer ainda assinou medida provisória para estabelecer as condições para renovação das concessões de infraestrutura. O texto foi criticado pelos concessionários de rodovias.
Mercado financeiro
Bovespa. Em meio à semana mais curta e marcada por sucessivos recordes na bolsa de Nova York, a Bovespa assegurou alta de 2,3% e retomou os 61,5 mil pontos perdidos com a eleição de Donald Trump à presidência dos EUA. É a segunda semana seguida de alta, após derreter quase 10% frente à máxima de 64,3 mil pontos do fim de outubro.
Vale. O destaque da semana voltou a ser a Vale que consolidou alta de 16,5% nas ações preferenciais (SA:VALE5) e de 17,5% nas ações ordinárias (SA:VALE3). A companhia segue surfando no rali do minério de ferro, que avançou mais de 10% desde a segunda-feira e encostou nos US$ 80/t para a entrega imediata no porto de Qingdao, na China. A companhia anunciou ainda nesta semana que ofertará uma linha de crédito de curto prazo para a Samarco retomar as operações.
Siderúrgicas. O rali das commodities metálicas também impulsionou as siderúrgicas que figuram entre as principais altas da semana. Metalúrgica Gerdau (SA:GOAU4) avançou 18,8%, seguida por CSN (SA:CSNA3) 18,7%, Usiminas (SA:USIM5) 11,3% e Gerdau (SA:GGBR4) com 6,9%. As empresas deverão reajustar o preço do aço no mercado interno a partir de dezembro. No radar, o governo vê dumping na exportação de aço para o Brasil.
Celulose. A valorização do dólar apoiou a subida das exportadoras, entre elas a Fibria (SA:FIBR3) e a Suzano (SA:SUZB5), que garantiram bons ganhos, especialmente após informarem reajuste nos preços da fibra negociada na Ásia. As ações valorizaram, respectivamente, 11,3% e 6,9%.
Petrobras também fechou com ganhos em uma semana muito volátil para o petróleo com a proximidade da reunião da Opep que definirá o corte de produção. A companhia anunciou a venda do primeiro ativo no pré-sal por cerca de US$ 2,5 bilhão à Total. Na semana passada, a empresa vendeu a Liguigás para a concorrente do grupo Ultra, dando sequência a seu plano de desinvestimento. A justiça, contudo, suspendeu a venda dos campos de Tartaruga e Baúna, a pedido do sindicato dos petroleiros. A ação preferencial (SA:PETR4) subiu 5,4%.
Pão de Açúcar (SA:PCAR4) informou ter interesse na venda da Via Varejo, em um movimento bem avaliado pelo mercado, que levou à valorização dos dois ativos. Segundo o Valor, há pelo menos três grupos interessados na companhia.
Educação. As empresas sofreram com a investigação do TCU sobre desvios no Fies. Kroton (SA:KROT3) e Estácio (SA:ESTC3) não acompanharam a alta da bolsa e a expectativa pela venda da área de ensino à distância para a aprovação da fusão no Cade.
Banco do Brasil (SA:BBAS3) disparou na segunda-feira após surpreender o mercado com uma reunião de extraordinária de seu conselho no domingo, que aprovou uma reorganização nas operações do banco para reduzir custos e aumentar a rentabilidade. O banco anunciou o fechamento de 402 agências e o corte de 9 mil vagas de trabalho.
Cemig (SA:CMIG4) ampliou a fatia que detém na Light em operação de R$ 450 milhões. A companhia teve nota de crédito rebaixada pela S&P.
Commodities
Petróleo. A sequência de comentários que apoiam ou colocam em dúvida o acordo da Opep para corte de produção provocaram a volatilidade da commodity, que fechou a semana com leve alta. O cartel se reúne na próxima semana na sua sede em Viena e deverá anunciar na quarta-feira o detalhamento das cotas de produção por país para cumprir a meta de reduzir a extração do grupo para o intervalo entre 32,5 milhões e 33 milhões de barris/dia. Os países ainda buscam acordos com grandes produtores, como a Rússia, em meio a uma disputa interna e o declarado interesse de Iraque e Irã, respectivamente segundo e terceiros maiores produtores da organização, de não terem que reduzir sua extração.
Soja. A safra brasileira poderá atingir o recorde de 102,5 milhões de toneladas, segundo a Agroconsult.
Elétrica. Em dezembro, a energia elétrica volta a ter bandeira verde, sem a cobrança extra nas contas de luz.
Fora do Ibovespa, a Gafisa (SA:GFSA3) poderá levantar até R$ 660 milhões com a oferta da Tenda. A Oi OIBR4 (SA:OIBR4) segue em sua disputa societária para definir os termos da recuperação. A Anatel informou ter seis grupos interessados na telefônica. O governo recebeu ao menos uma proposta pela Celg e o leilão da distribuidora goiana foi mantido para a próxima semana. A Caixa prepara IPO da área de seguridade
Indicadores
Inflação. O IPCA-15 veio abaixo das expectativas em novembro, somando 0,26% contra consenso de 0,28%, no menor número para o período em nove anos. É o último indicador oficial de inflação antes da reunião do Copom na próxima semana. O IPC-S caiu para 0,24%.
PIB. O Ministério da Fazenda reviu de 1,6% para 1% a previsão para o crescimento da economia em 2017.
Desemprego. O Ministério do Trabalho informou o fechamento de 74,75 mil vagas formais em outubro, número inferior ao previsto.
Confiança. O índice de confiança do comércio caiu pela primeira vez desde a chegada de Michel Temer na Presidência, segundo a FGV. A confiança do construção também retraiu no mês, enquanto a prévia da indústria mostrou aceleração.