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Brasil: Se Descolando do Mundo

Publicado 24.08.2021, 08:43
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Tudo se torna ainda mais difícil quando o mercado global, em NY, na Europa, ensaia uma reação e o Brasil fica para trás. Por crises políticas infindáveis, vamos aos poucos, nos isolando ainda mais, se descolando do mundo.

Ao que parece, a paciência do mercado está se esgotando diante da perda de credibilidade das políticas públicas deste governo. A tolerância com as “loucuras” deste presidente parece estar no fim.

A todo momento, uma crise de governabilidade, um “bate-boca”, uma confrontação inútil. Qual player de mercado tolera este tipo de situação?

A tal entidade “mercado”, tão achincalhada por alguns, gosta mesmo é de previsibilidade, respeito aos contratos, segurança jurídica, menos pirotecnia, mais transparência.

Mercado não é local para fazer proselitismo político, mas sim para ganhar dinheiro.

Nesta segunda-feira, enquanto os mercados globais foram para o risco, o Ibovespa se manteve “no vermelho”, os juros futuros imbicaram para cima e o dólar, depois de oscilar, fechou em estabilidade.

Tudo isso, depois do presidente resolver “esticar a corda” contra o Judiciário, entregando no Senado o pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes, prometendo fazer o mesmo com Luiz Roberto Barroso. Neste mundo “despótico” que vivemos, mais um movimento oportunista e panfletário do presidente. Vai resultar em algo? Não. Apenas um pouco mais de cortina de fumaça, talvez contra a CPI da Covid, ou então, realmente, querendo gerar fatos, se manter em evidência. “Falem mal, mas falem de mim”.

Apenas um detalhe. Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, já sinalizou que não dará prosseguimento à solicitação do presidente, o que deve reduzir a tensão política neste “circo que se transformou Brasília”.

Neste mesmo dia, uma juíza de Brasília resolveu anular todas as provas, reunidas pelo MP de Curitiba, contra o ex-presidente Lula no episódio do sítio de Atibaia. Algo lamentável, quando se resolve “apagar”, colocar “debaixo do tapete”, toda uma investigação de anos, realizada por juristas gabaritados e bem formados do MP do Paraná. Todos contra um?

Quando as sentenças envolvem muitos interesses...

Neste ambiente tóxico, as consultas seguem intensas sobre os riscos de ruptura, tal o momento grave que vivemos. Bolsonaro segue nas suas cruzadas “quixotescas” contra as vacinas, agora tentando fazer passar uma MP que evita o uso de máscaras (para que? Se elas realmente protegem, por que tirar?), a favor do voto eletrônico, etc, etc.

No Congresso

Sobre a Reforma Administrativa, o relator da PEC, deputado Arthur Maia, tem a intenção de apresentar o seu parecer esta semana e votar a proposta na Comissão Especial na primeira semana de setembro. No STF, dois importantes temas serão tratados: o julgamento da constitucionalidade da autonomia do Bacen e a conclusão do julgamento da exclusão do ISS do cálculo do PIS e da Cofins.

Ainda imerso no ambiente de crise político-institucional, Arthur Lira, presidente da Câmara, deve tentar votar em plenário, mais uma vez, o projeto do Imposto de Renda, já condenado no Senado, por Rodrigo Pacheco. Vamos em frente!

Sobre a pandemia

Em relação ao Coronavírus, atingimos 20,5 milhões de casos e mais de 575 mil óbitos. Segundo o consórcio de imprensa, a média móvel de mortes pela Covid-19 nos últimos 7 dias foi de 765, queda de 16% em comparação aos dados de 14 dias atrás, menor valor desde 7 de janeiro de 2021.

Apenas no Rio de Janeiro a tendência ainda é de alta nos óbitos. Em relação às vacinas, atingimos 60,7% da população com algum grau de imunização.

No Afeganistão

Saem os EUA, entra a China. As empresas chinesas estão ansiosas para investir na reconstrução econômica do Afeganistão, já que a diplomacia estabeleceu bons canais de comunicação, com empresários chineses bem vistos por lá.

Nos EUA

Depois da divulgação da ata do FOMC, sinalizando o tapering ainda neste ano, as atenções do mercado se voltam para o Simpósio Anual de Jackson Hole do Fed, entre os dias 26 e 28. A expectativa é que este evento traga mais detalhes sobre o timing na retirada dos estímulos.

Na ata, divulgada na última semana, o comitê mencionou que a maior parte dos membros considera que seria apropriado reduzir o ritmo de compra de ativos ainda este ano, antes mesmo que os objetivos da instituição fossem alcançados (estabilidade de preços e pleno emprego). A condição da elevação da taxa de juros ficaria para o ano que vem.

Por outro lado, a ala mais conservadora ainda defende o início do tapering apenas no próximo ano. Ou seja, ainda não há consenso neste processo.

Para a reunião do Fed, de novembro, a maior probabilidade é de que haja um anúncio formal do tapering, o que permitiria a adição de três dados do mercado de trabalho no leque de informações disponíveis para a análise da instituição. Já o simpósio da sexta-feira, deve trazer uma sinalização mais clara dos próximos passos do FOMC.

Em sintonia com este evento, a agenda de indicadores é relevante para o entendimento do ritmo da atividade econômica e da inflação no país. Na quinta-feira a revisão do PIB do segundo trimestre de 2021 e na sexta, divulgação do PCE de julho. É importante destacar que o possível impacto da variante Delta nos dados macro podem levar os membros com posicionamento mais hawkish a defender mais calma no processo de retirada de estímulos.

Mercados

Mercados globais indicando alta nesta terça-feira. Na Ásia, todos fecharam no azul.

No Brasil, no dia 23 o Ibovespa resolveu se “descolar do resto do mundo” e operou em queda, recuando 0,49%, a 117.471 pontos. No mercado cambial, o dólar fechou em pequena queda contra o real, quase estável, recuando 0,05%, a R$ 5,382, depois de chegar a R$ 5,40 no pior momento do dia.

No ano, bolsa paulistana acumula perdas de 1,30%, cedendo 3,55% em agosto. Realmente, agosto, é o “mês do desgosto”.

Nesta terça-feira, dia 24, as bolsas internacionais ensaiavam altas. A corroborar para isso, a China sem casos de Covid 19, mostrando uma possível estabilidade no surto da doença.

Nesta madrugada, na Ásia (5h05), os mercados fecharam em alta. Nikkei avançou 0,87%, a 27.732 pontos; Kospi, na Coréia do Sul, +1,57%, a 3.138 pontos; Shanghai Composite, +1,07%, a 3.514 pontos, e Hang Seng, 2,07%, a 25.629 pontos.

Na Europa (04h05) os mercados operavam em alta. DAX avançando 0,26%, a 15.894 pontos; FTSE 100, avançando 0,25%, a 7.127 pontos; CAC 40, +0,45%, a 6.712 pontos; e Euro Stoxx 50 +0,43%, a 4.194 pontos.

Nos EUA, as bolsas de NY operavam em suave alta no futuro dia 24. O Dow Jones avançando 0,19%, a 35.349 pontos, o S&P 500, +0,24%, a 4.486 pontos, e o Nasdaq, 0,44%, a 15.379 pontos. No mercado de treasuries, os US 2Y avançavam 3,76%, a 0,2345, os US 10Y +0,53%, a 1,262 e os US 30Y, +0,58%, a 1,883. No DXY, o dólar avançava 0,08%, a 93,047.

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